A série semanal de conferências “Gênero e Paz” discute a contribuição feminina à paz e resolução de conflitos
No dia 20 de maio, o Escritório USP Mulheres participou do segundo fórum Gênero e Paz, promovido pelo Centro de Estudo da Paz e Resolução de Conflitos (GLIP), em parceria com a Associação Paulista do Ministério Público (APMP). No evento, a senadora mexicana Beatriz Paredes e a coordenadora do USP Mulheres e diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Maria Arminda do Nascimento Arruda, abordaram o papel das mulheres e sua vida cotidiana.
“Se considerarmos que a paz existe quando há a ausência de violência e não só a inexistência do conflito armado ou bélico, o tema das mulheres e a paz é essencial. A violência familiar afeta muito mais as mulheres, e é grave que não existam mecanismos suficientes para a sua reinserção na sociedade após a denúncia e o término da união conjugal”, afirmou Beatriz Paredes.
A senadora mexicana, que também foi a titular da Cátedra José Bonifácio em 2017, lembrou a importância das mulheres na formação de crianças e jovens, na transmissão de hábitos e na criação de uma cultura de paz. Para ela, “a edificação de valores para um comportamento cotidiano que contribua para a geração de ambientes sociais propícios à paz e a atitudes cooperativas não agressivas são alguns dos desafios mais importantes da América Latina”.
Já a coordenadora do Escritório USP Mulheres, Maria Arminda do Nascimento Arruda, falou sobre a desigualdade, os direitos humanos e as formas de discriminação contra as mulheres no meio acadêmico.
“O USP Mulheres está construindo políticas estruturantes para tratar da problemática de gênero e desigualdade na Universidade, e, ao mesmo tempo, estamos empenhadas em confrontar o crescimento da violência contra a mulher na sociedade”, explicou Maria Arminda.
O encontro teve a mediação da executiva e escritora Denise Damiani, conhecida por sua dedicação ao empoderamento feminino por meio da inteligência financeira. Entre os participantes convidados, o professor da Escola Politécnica (Poli), José Roberto Cardoso, e o cônsul-geral do México, Raul Bolaños Cacho Guzman, defenderam a atuação feminina de forma veemente. https://www.youtube.com/watch?v=6MAnr2cMSmQ[/
Gênero e Paz
O primeiro evento da série de conferências Gênero e Paz foi realizado no dia 13 de maio e abordou o tema Construindo Consenso. O fórum foi aberto pela professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e membro do Conselho do Glip, Cecilia Loschiavo, e contou com a participação da professora de Direito Internacional da Faculdade de Direito (FD), Maristela Basso, e da promotora de Justiça do Estado de São Paulo, Gabriela Manssur, membro do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica.
Em sua palestra, Maristela Basso explicou que “após a Segunda Guerra Mundial foi criado o consenso de que, em nome da paz, deveríamos buscar o livre comércio. Surgiram as grandes organizações mundiais e ficamos mais tolerantes, os meios de comunicação e transporte nos aproximaram e tornaram possível uma concepção de humanidade, uma cidade mundial. Essa fase de destaque ao consenso, de integração entre os povos, vai até o fim do governo Obama. Nesse ponto conseguimos perceber uma mudança, uma inclinação para uma outra percepção, em que as pontes que haviam sido construídas entre as nações são desmontadas”.
“Estamos em uma fase de retrocesso e de desvalorização dos valores humanos. Percebemos um aumento dos crimes de ódio e da intolerância em todas as frentes, doméstica, política, econômica”, concordou a promotora Gabriela Manssur.
As conferências da série Gênero e Paz acontecem sempre às quartas-feiras, às 12h. O próximo evento será realizado no dia 3 de junho e contará com a participação da executiva Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza. O tema será Inovação e União.
O Centro de Estudo da Paz e Resolução de Conflitos (GLIP) é um Núcleo de Apoio à Cultura e à Extensão da Escola Politécnica, cuja proposta é aproximar a Universidade da sociedade civil em sua forma mais ampla. Além da atividade científica, o GLIP trabalha para a inovação, o desenvolvimento tecnológico, o equilíbrio de gênero e a diversidade como mecanismos sustentáveis, rumo a patamares capazes de contribuir para a paz mundial.
Todas as conferências estão disponíveis na página do Centro de Estudo da Paz e Resolução de Conflitos.
Notícia lançada pelo Jornal da USP e escrita por Erika Yamamoto.