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Nélida Piñon recebe Prêmio do Pen Clube

Premiação, que consagrou romance mais recente da autora, foi transmitida pelas redes sociais no dia 1 de março

No dia 1 de março, a escritora Nélida Piñon, de 83 anos, recebeu o Grande Prêmio Literário Pen Clube do Brasil, em solenidade transmitida ao vivo pelas redes sociais. Anunciado em janeiro deste ano, o prêmio consagrou seu livro “Um dia chegarei a Sagres”.

A obra superou outros três finalistas do Grande Prêmio: “A Tribo dos Sete Relâmpagos”, de Carlos Nejar; “Em busca da nação”, de Antonio Risério; e o “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório. Mesmo impedidos de concorrer por causa do regulamento, que contempla apenas títulos lançados em 2020, diversos jurados votaram em “ Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20”, de Ruy Castro, e “Torto arado”, de Itamar Vieira Junior, ambos de 2019. O Pen Clube anunciou que, a partir deste ano, vai lançar o troféu Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) para quem se destacar na defesa da liberdade de expressão.

— É um prêmio democrático, e fiquei feliz por concorrer com outros três autores importantes — diz Nélida, que ocupa a cadeira número 30 da Academia Brasileira de Letras desde 1990.

Nascida no Rio em 1937, Nélida Piñon colecionou prêmios nacionais e internacionais ao longo da carreira. Seu “Vozes do deserto” recebeu o Jabuti de Livro do Ano em 2005 e o Prêmio Príncipe das Astúrias no mesmo ano. Em 2010, venceu também o Casa de las Americas, com “O aprendiz de Homero” (2010), e o Prêmio Internacional Terenci Moix por “Coração andarilho”. Pelo conjunto da obra, foram o Prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1991), o Prêmio Internacional Menéndez Pelayo (2003) e ainda o El Ojo Critico, da Espanha, e o Vergílio Ferreira, de Portugal.

— Prêmio são importantes, ajudam as carreiras que são muito sacrificadas, pois ninguém consegue aparecer, vender livro e ser reconhecido senão com grande esforço — diz Nélida. — Prêmios merecem ser desfrutados, mas sempre me comportei com muita naturalidade ao ganhá-los. Minha nãe dizia para nunca deixar que nada subisse à minha cabeça. Como aquele velho ancião que se esconde na biga romana enquanto o herói é aplaudido: “Não se esquece de que você é mortal”.

“Um dia chegarei a Sagres” é o primeiro romance de Nélida desde o consagrado “Vozes do deserto”, de 2004. O épico de 500 páginas é situado na Portugal do século XIX e narra a jornada de um personagem que cruza o país saindo da sua aldeia natal até Sagres, região de Algarve.

Assim como a Academia Brasileira de Letras, fechada desde março do ano passado, Nélida segue confinada em sua casa. O que não significa que não tenha se mantido produtiva e participando de compromissos sociais, via lives e transmissões on-line. Ela também escreveu diversos textos para a imprensa europeia, inclusive um artigo recente sobre Rubem Fonseca para uma revista espanhola. Já vacinada, espera receber a segunda dose em maio para completar sua imunização contra o coronavírus.